Hoje começa a Série Clássicos Regionais na Quarta Literária
Promovida há treze anos pela Livraria e Editora Valer a Quarta Literária de 2012 será especialmente dedicada aos clássicos da literatura regional com o ciclo de palestras intitulado Série Clássicos Regionais: Obras que mudaram o Amazonas. Serão dez palestras ministradas ao longo do ano sempre na primeira quarta-feira de cada mês sobre obras como A Selva, de Ferreira de Castro, Inferno Verde, de Alberto Rangel,Galvez, imperador do Acre, de Márcio Souza, Beiradão, de Álvaro Maia, entre outros. As palestras terão início às 18h30 e a entrada é franca.
São livros clássicos aqueles que, quanto mais pensamos conhecer por ouvir dizer, quando são lidos de fato, mais se revelam novos, inesperados, inéditos e que constituem uma riqueza para quem os tenha lido.
O primeiro encontro de 2012 acontecerá hoje, dia 07, às 18h30, no Espaço Cultural da Livraria Valer (Av. Ramos Ferreira, 1195, Centro), com a palestra sobre a obra Muraida, de Henrique João Wilkens, ministrada pelo professor Marcos Frederico Krüger
Sobre a obra Muraida
Muraida, poema épico que aborda a cristianização dos índios muras, de autoria de Henrique João Wilkens, militar português que serviu na Amazônia. Escrito em 1785, com o título Muhuraida, é o primeiro poema heroico escrito no Amazonas. Como um bom português Wilkens escreve o poema em oitava rima camoniana, a narrativa visa informar como ocorreu o processo de rendição, conversão e reconciliação da feroz nação Mura a João Pereira Caldas, Governador e Capitão General, que tinha sido do Pará e então nomeado para o Governo Geral das Capitanias de Mato Grosso e Cuiabá, encarregado da efetiva execução do tratado preliminar de paz e limites entre as Coroas de Portugal e Espanha; nesta ocasião Wilkens se encontrava na Vila de Ega, no Rio Solimões. Na organização deste trabalho foram utilizados diversos materiais que encontramos disponíveis via internet e em livros, trabalhos dignos de aceitação e que ajudarão a elucidar ainda mais o poema. O feroz, indomável e formidável gentio Muhura ou Mura, conhecido há mais de cinquenta anos. Habitante dos densos bosques e grandes lagos do famoso Rio Madeira, confluente do célebre Rio do Amazonas, no estado do Grão Pará, primeira Capitania Geral, e a mais setentrional de todas as conquistas portuguesas na América Meridional. Sempre foram fatais aos navegantes do dito Rio Madeira, no comércio, que o Pará cultivava com a Capitania do Mato Grosso. Sendo este gentio de corço, igualmente cruel, e irreconciliável inimigo dos portugueses, dos índios, dos bosques ainda habitados, matando cruelmente, e sem distinção de sexo ou idade, todos os viajantes e moradores das povoações, roubando-os, e levando as mulheres moças, e crianças, que do estrago escapavam destinadas a um cruel cativeiro, permitindo, contudo, a Divina providência.
Sobre o palestrante Marcos Frederico Krüger
Possui mestrado em Letras (Letras Vernáculas) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1982) e doutorado em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1997). Publicou, dentre outros, o livro Amazônia: mito e literatura (2003); Poesia e Poetas do Amazonas (2006); Antologia do Conto do Amazonas (2009), Poesia e poetas do Parnasianismo, Simbolismo, Pré-Modernismo (2010), estes três últimos em parceria com o professor Tenório Telles. Recebeu em 2006 o Prêmio da Prefeitura Municipal de Manaus (categoria ensaio de literatura) com o livroA sensibilidade dos Punhais, que estuda a presença do mar na poesia do Amazonas. Já integrou, junto com outros professores e críticos literários, o júri do Prêmio Portugal Telecom de Literatura Brasileira e atualmente é Professor da Universidade do Estado do Amazonas.